O assunto, que por vezes chega a ser considerado uma heresia por alguns profissionais, tem embasamento científico sim.
Em 2000, o professor Paul J. Sandler et allii publicaram um artigo descrevendo em quais situações onde o primeiro molar é o dente de escolha para extração. Segundo o artigo, essas situações seriam:
· Casos de longevidade duvidosa dos molares
· Situações de apinhamento anterior severo x perfil pouco favorável à terapia com retração.
· Primeiros molares extensivamente cariados
· Primeiros molares hipoplásicos
· Molares extensamente restaurados
· Premolares hígidos
· Patologias apicais nos molares
· Apinhamento nas porções distais dos arcos e 3ºsMs razoavelmente posicionados
· Ângulos dos planos maxilar/mandibular elevados
Casos de mordida aberta anterior
Além disso, nos casos envolvendo extrações de molares houve 90% de chances de uma erupção favorável dos 3ºsMs quando comparados a casos de 4xp.
Obviamente, trata-se de uma mecânica que requer mais habilidade profissional, porém existem suas indicações.
Deve-se ainda levar em consideração que o fechamento dos espaços é mais fácil de se conseguir em crianças e adultos jovens. Adultos maduros apresentam menos aposição óssea quando os 2ºsMs são movimentados para o espaço obtido e manutenção ruim do espaço fechado tendo sido relatado ainda reabsorção radicular nos 2ºsMºs em alguns casos.
No artigo, o aspecto mais desafiador desse tipo de casos é o fechamento de espaços no arco inferior. A mecânica com uso de elásticos tende a um movimento de rotação dos molares e por vezes a retração com alças é de difícil execução para o profissional.
De forma didática e até mesmo incentivando o leitor a realizar essa opção de tratamento, os autores descrevem ainda algumas observações sobre pontos a ser prestada atenção, em busca de um resultado satisfatório e apresentam 3 casos clínicos de pacientes com as características indicadas.
Mesmo com planejamento e execução cuidadosas do tratamento, um caso envolvendo a extração de primeiros molares vai quase certamente leva entre 6 a 9 meses a mais que um caso equivalente em que 4 premolares sejam extraídos.
Um planejamento cuidadoso deve ser levado em consideração antes do tratamento, afim de garantir que os beneficios do tratamento superem quaisquer desvantagens em potencial. O conhecimento dos problemas em potencial nos casos de extração dos primeiros molares vai permitir que a ação necessária seja tomada antes que muitos desses problemas venham a surgir.
Nossa análise:
Quando da época de publicação desse artigo, os minimplantes de ancoragem não eram uma realidade da mesma forma que o são hoje. Dessa forma, com a utilização de minimplantes podemos ter um controle melhor da ancoragem, efeitos colaterais (ex: rotações de molares inferiores, tendências extrusivas, etc) são atenuados. Caberia uma nova reavaliação e pesquisa dos casos em que existe a indicação de molares inferiores.
Para saber mais:
· “For Four Sixes”, Sandler, PJ; Atkinson, R.; Murray, AM . AJODO 2000 117:318:34